Como uma faca rente ao chão.
Assim passou por mim o vento da SABEDORIA.
E interroguei- o sobre a aflição.
- Não há maior aflição no Cosmo - silvou - do que não haver estado aflito nunca.
E as procissões de adagas seguiram acutilando o poente.
- Mas, dize-me, onde posso encontrar a VERDADE?
E antes que o vento do nascente pudesse responder, interroguei- o outra vez:
- Talvez no fim do caminho!
As facas se transformaram em serpentes sem cabeça que, entrando na poeira do meu caminho, sentenciaram:
- A VERDADE é exatamente o caminho.
- Dize-me, o que é a impaciência?
- Veneno para o espírito.
Enroscado em si mesmo, o vento do nascente continuou levantando a poeira dos bosques.
- E a cólera?
E o vento, distraidamente, sussurrou em meus ouvidos:
- A cólera é uma pedra lançada num vespeiro.
- Em ti, ó vento da SABEDORIA, está o poder de envelhecer os que buscam a VERDADE. Como poderei encontrá-la antes de ficar velho?
E as facas rente ao chão se afastaram e foram cravar-se no Sol, gravando em meu coração uma última resposta:
- A VERDADE não se encontra, sente-se... sente-se... sente-se...
(Texto extraído do excelente livro “A Outra Margem” – J. J. Benítez – Editora Mercuryo).
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