"Goza a euforia do vôo do anjo perdido em ti.
Não indagues se nossas estradas, tempo e vento, desabam no abismo.
Que sabes tu do fim?
Se temes que teu mistério seja uma noite, enche-o de estrelas.
Conserva a ilusão de que teu vôo te leva sempre para o mais alto.
No deslumbramento da ascensão
se pressentires que amanhã estarás mudo
esgota, como um pássaro, as canções que tens na garganta.
Canta. Canta para conservar a ilusão de festa e de vitória.
Talvez as canções adormeçam as feras
que esperam devorar o pássaro.
Desce que nasceste não és mais que um vôo no tempo.
Rumo do céu?
Que importa a rota.
Voa e canta enquanto resistirem as asas".
Não indagues se nossas estradas, tempo e vento, desabam no abismo.
Que sabes tu do fim?
Se temes que teu mistério seja uma noite, enche-o de estrelas.
Conserva a ilusão de que teu vôo te leva sempre para o mais alto.
No deslumbramento da ascensão
se pressentires que amanhã estarás mudo
esgota, como um pássaro, as canções que tens na garganta.
Canta. Canta para conservar a ilusão de festa e de vitória.
Talvez as canções adormeçam as feras
que esperam devorar o pássaro.
Desce que nasceste não és mais que um vôo no tempo.
Rumo do céu?
Que importa a rota.
Voa e canta enquanto resistirem as asas".
Paulo Menotti del Picchia, poeta, jornalista, romancista, cronista, pintor e ensaísta, nasceu em São Paulo (SP) no dia 20 de março de 1892.Um dos articuladores da Semana de Arte Moderna, em 1922, foi um dos mais combativos militantes da estética modernista. O poeta morreu em São Paulo (SP), no dia 23 de agosto de 1988. Há, em Itapira (SP), a "Casa de Menotti del Picchia", onde podem ser vistos objetos e livros que pertenciam ao autor.
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