Limão e Limonada
As Ciências Humanas estão sempre tomando emprestado das Exatas, termos e conceitos.
A última novidade vem da Física e atende pelo nome de resiliência. Significa resistência ao choque ou a propriedade pela qual a energia potencial armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão incidente sobre o mesmo.
Em Humanas, a resiliência passou a designar a capacidade de se resistir flexivelmente à adversidade, utilizando-a para o desenvolvimento pessoal,profissional e social. Traduzindo isso através de um dito popular, é fazer de cada limão, ou seja, de cada contrariedade que a vida nos apresenta, uma limonada, saborosa, refrescante e agradável.
Aprendi que não adianta brigar com problemas. É preciso enfrentá-los para não ser destruído por eles, resolvendo-os.
E rapidamente, de maneira certa ou errada. Problemas são como bebês, só crescem se forem alimentados.
Muitos deles resolvem-se por si mesmos. Mas quando você os soluciona de forma inadequada eles voltam, dão-lhe uma rasteira e, aí sim, você os anula corretamente.
A felicidade pontuou Michael Jansen, não é a ausência de problemas.
A ausência de problemas é o tédio.
A felicidade é quando grandes problemas são bem administrados.
Aprendi a combater as doenças. As do corpo e as da mente. Percebê-las, identificá-las, respeitá-las e aniquilá-las.
Muitas decorrem não do que nos falta, mas do mal uso que fazemos do que temos.
E a velocidade é tudo neste combate. Agir rápido é a palavra de ordem.
Melhor do que ser preventivo é ser preditivo.
Aprendi a aceitar a tristeza.
Não o ano todo, mas apenas um dia, à luz dos ensinamentos de Victor Hugo.
O poeta dizia que "tristeza não tem fim, felicidade sim". Porém, discordo.
Penso que os dois são finitos. E cíclicos.
O segredo é contemplar as pequenas alegrias ao invés de aguardar a grande felicidade.
Uma alegria destrói cem tristezas...
Modismo ou não, tornei-me resiliente.
A palavra em si pode cair no ostracismo,mas terá servido para ilustrar a atitude cultivada ao longo dos anos diante das dificuldades, impostas ou auto-impostas, que enfrentei pelo caminho,transformando desânimo em persistência, descrédito em esperança, obstáculos em oportunidades, tristeza em alegria.
Nós apreciamos o calor porque já sentimos o frio.
Apreciamos a luz porque já estivemos no escuro.
Apreciamos a saúde porque já fomos enfermos.
Podemos, pois, experimentar a felicidade porque já conhecemos a tristeza.
Olhe para o céu, agora!
Se for dia, o sol brilha e aquece.
Se for noite, a lua ilumina e abraça.
E assim será novamente amanhã.
E assim é feita a vida.