Ser bem-humorado é uma escolha


Você conhece alguém que é pessimista, o tempo todo? O tipo de sujeito para quem nada está bom e vive dizendo que a coisa está feia e vai piorar? E aquele outro que está sempre de mau humor, cara amarrada, que só falta lhe responder, quando você chega de manhã no trabalho e o cumprimenta, com um sorriso:

- Bom dia, por quê?

E vai dizer que não se lembra de uma colega que é ansiosa até dizer chega? Que fica sofrendo por antecipação pelas coisas, rói as unhas, fica com tique nervoso, fala pelos cotovelos e quase estraga o passeio ou o fim de semana da turma ou família porque simplesmente não pára de falar no que a aflige?
Pois é, quase todo mundo conhece gente assim. Que é negativa (alguns até parecem que andam com aquela nuvenzinha negra sobre a cabeça, que nem personagem de desenho animado!) vive emburrada ou numa ansiedade extrema, tóxica. Talvez, você próprio esteja um pouco assim, ainda que sem querer ou perceber.

Acontece que nossas atitudes, nosso humor e estado de espírito têm um peso muito grande não só no clima que criamos ao nosso redor no trabalho, em casa ou entre amigos, como também na nossa própria saúde. Permita-me contar um pouco sobre dois estudos que podem fazer você pensar um pouco sobre o assunto.
O impacto de nossas emoções na mente e no corpo.

Howard Friedman, pesquisador da Universidade da Califórnia, constatou através de seus estudos que a presença de emoções negativas constantes, associadas com a ansiedade, duplicam a propensão a uma extensa variedade de doenças. Isto é, se a pessoa está sempre mal-humorada, nervosa, triste ou ansiosa tem duas vezes mais chances de ficar doente. E não estamos falando de gastrite ou dor de cabeça, apenas. Há doenças graves causadas por isso.

A Associação Americana de Psiquiatria realizou outra pesquisa, utilizando exames de ressonância magnética, com dois grupos de pessoas:

1 - mulheres que haviam sofrido, repetidas vezes, abuso sexual;

2 – veteranos de guerra.

Ou seja, indivíduos que tinham passado por experiências negativas, que mexeram com suas emoções de forma muito forte e por períodos prolongados.

A ressonância magnética permite, como você sabe, criar imagens 3D do órgão examinado. Pois bem, as ressonâncias revelaram que a área responsável pela memória, chamada hipocampo, dessas pessoas, havia... encolhido! Era significativamente menor que a de outros. É mais ou menos como se o cérebro dissesse “não quero me lembrar mais daquelas coisas horríveis”. Então, simplesmente, reajustou-se, reduzindo o tamanho da parte que cuida das lembranças...

A conclusão a que os estudiosos chegaram, a partir desse trabalho: as experiências vividas, marcantes ou constantes, podem alterar não só a bioquímica, mas a estrutura do cérebro. Trocando em miúdos: emoções negativas constantes, afetam não só o funcionamento de seu cérebro, mas podem mexer até com a própria constituição dele.

Pensamento: um acontecimento bioquímico.

Cada pensamento que você tem é um acontecimento bioquímico. Se for negativo, tem efeito instantâneo em cada célula, gerando ansiedade, depressão, fadiga.

A boa notícia é que o contrário também é verdadeiro: se seus pensamentos são bons, se você decide adotar uma postura bem-humorada, positiva, otimista, seu corpo também responde, e o faz sentir-se bem mais saudável.
Não é à toa que a forma com que doentes encaram sua moléstia tem tanta importância no processo de recuperação. O psicológico tem muito peso, na cura.

Da mesma maneira como você deve conhecer pessoas que se comportam de forma negativa como mencionei no início deste artigo, também deve se lembrar de algumas que estão sempre sorrindo, parecendo estar sempre bem. Mesmo com os problemas que, muitas vezes, você sabe que têm.

O que faz com que ajam assim? São geneticamente mais aptas para enfrentar as adversidades, ou algo parecido? Não, normalmente são pessoas que simplesmente escolhem não se entregar, diante das fases ruins. Decidem lutar, acreditam que podem reverter a situação. Que tudo se ajeita, com trabalho e boa fé e que as coisas ficam mais fáceis se um sorriso lhes adorna a face...

Stephen Covey, escritor e consultor norte-americano, autor de “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes”, diz: não é o que nos fazem, que nos deixa mal. É a resposta que damos ao fato.



Para refletir


Como você tem se comportado nas últimas semanas? Tem conseguido buscar serenidade dentro de si para encarar o que não está tão bem? Energia para trabalhar o que está bom, mas pode ficar ainda melhor? Ou tem ficado nervoso, irritado, ansioso?

Cuidado com a ansiedade: concentre-se nos problemas sobre os quais você tem alguma influência, pode agir e, a partir de sua ação, resolver ou melhorar a situação. Ficar ansioso quando você não pode fazer nada, só trará mais problemas.

Então, pense um pouco nessas coisas. Ficar o tempo todo triste, mal-humorado ou ansioso pode deixá-lo, como você viu, doente. Procure adotar um comportamento mais sereno, bem-humorado, confiante. Simplesmente escolha ser assim. E trabalhe isso.

Não que uma postura positiva, por si só, vá resolver seus problemas. Mas, além de lhe fazer bem, com certeza o deixará num estado muito mais interessante, atento para oportunidades e idéias que você talvez nem percebesse, se não tivesse optado por... sorrir.

Douglas Peternela: Consultor Sênior do Instituto MVC Autor de dois livros sobre a utilização de filmes em processos de mudança.

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